sábado, fevereiro 27, 2016

Antevisão/Destaques: Programa 270

Como prometido - e obrigatório -, não poderíamos de deixar de passar dois discos de David Bowie, após o seu desaparecimento a 10 de Janeiro passado, numa Colecção RA. Uma carreira recheada e inventiva da qual escolhemos dois álbuns díspares para ouvir e conhecer na íntegra. Sendo assim, este Domingo ficamos com o maior disco de Bowie, The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972), de tons glam [rock], para a primeira parte, e 1.Outside (1995), de tons industriais e experimentais, para a segunda. Dois grandes capítulos da vida de David Bowie para recordar nesta emissão especial do Ruído Alternativo. [Para recordar a Emissão Especial do RA dedica a toda a carreira de Bowie, na sua vertente rock, é seguir este link]
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 (1972) David Bowie - The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars

O disco maior da carreira de David Bowie traz consigo um conceito: Ziggy Stardust é o novo Cristo, um extraterrestre andrógena, que vem dar uma mensagem de esperança à Terra, condenada a apenas mais cinco anos de existência - à beira do apocalipse. Um alien/messias hipersexualizado, bissexual e símbolo da estrela definitiva do rock - um "Starman". Em 1972, todo este contexto, numa era dourada para o glam rock, colocou Bowie na imprensa constantemente - chegando o próprio a assumir-se, segundo aquilo que é veiculado, como bissexual, numa terra de conservadores e de sua Majestade. O activismo LGBT foi, por isto, parte presente nas ideias de David Bowie que conseguiu arrastar os Spiders From Mars para este imaginário [convertidos ao uso de roupas provocantes com a ideia de "sacar miúdas"]; conseguiram chocar o público e não faltou strip nem a simulação de sexo oral em palco que comprovariam tais pensamentos. Todavia, The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And Spiders From Mars é muito mais do que isto. Com o glam rock com a primeira grande plataforma para a criação de personas por parte de Bowie, aqui, o músico colocou definitivamente outras experiências para lá da música rock, pondo em prática no palco todas as artes performativas que admirava, com especial referência para o teatro. The Rise And Fall... é muito mais do que a somatória da electricidade com o glam, a folk, o rock 'n' roll e a cultura mod, transformando-se no clássico maior de David Bowie - referido em inúmeras listas de melhores álbuns de sempre até aos dias de hoje. Foi um exercício excepcional, onde até houve uma encenação em palco da morte do personagem central desta peça, Ziggy Stardust. Criou-se um culto; foi uma das antecâmaras do punk rock; foi... único.
 CM

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(1995) David Bowie - 1.Outside

Na segunda parte entramos de cabeça em 1.Outside, o disco que fez verdadeiramente Bowie entrar nos anos 90, após algumas falsas partidas. Trabalhando de novo com Brian Eno, os dois conseguem um disco que é, para começar, sonoramente diverso: junta o contemporâneo rock industrial com a linguagem intemporal do jazz e ainda lhes junta alguns momentos de spoken-word. Depois, há toda uma narrativa surreal na qual o disco se baseia, nascida a partir do diário de Nathan Adler. Nela, em 1999, tinha-se vulgarizado o fenómeno Art Crime, no qual se assassinavam pessoas e mutilavam-se corpos para fins artísticos. Cabia a Adler, como autoridade, decidir quais das peças eram arte e quais eram apenas "lixo", como referido no disco. Ao longo de 1.Outside acompanhamos a investigação ao homicídio de uma rapariga de 14 anos, ao mesmo tempo que nos são apresentadas as várias personagens desta trama. O conceito deveria ter transvasado este disco, dando origem a mais dois, a lançar até 1999, dando a Bowie a oportunidade única de explorar o sentimento da viragem do milénio patente na humanidade por esses anos. Tal acabou por não acontecer, mas das últimas vezes que falou com Brian Eno, falou-lhe da sua vontade de dar uma nova roupagem ao disco e trazê-lo de volta. Acabou por já não ter tempo para tal. Apesar de ser um disco sem paralelo na sua carreira, 1.Outside é a obra que melhor representa a essência de David Bowie: a constante insatisfação com o seu som e a incessante procura de novas sonoridades.
AB

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Tudo isto, e muito mais, a não perder Domingo à noite na Tejo FMA partir das 22h nos 102.9 FM para ou Ribatejo ou para todo o mundo na emissão online em www.tejoradiojornal.pt.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Colecção RA: David Bowie - "The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars" (1972) & David Bowie - "1.Outside" (1995)

Fevereiro chega ao fim com um ritual habitual nesta casa. Colecção RA a fechar o segundo mês do ano, com mais uma homenagem ao mestre David Bowie, falecido no passado dia 10 de Janeiro. Nas duas horas de emissão de Domingo dissecamos duas fases distintas da sua profícua carreira: a partir das 22h do dia 28 de Fevereiro, Ruído Alternativo com a audição dos álbuns The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars (1972) 1.Outside (1995). O génio de Bowie de regresso à Tejo FM.

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Aos 25 anos, David Bowie era um músico à procura do seu espaço e do seu lugar como estrela pop. Influenciado por Little Richard ou Velvet Underground, Bowie já havia dado sinais para um futuro que se revelou brilhante. "Space Oddity" foi o tema que o fez descolar da zona pop rock vigente - bluesy -, seguindo-se, em 1970, um percurso de seis discos incluídos na sua época dourada. O primeiro capítulo foi o esquecido The Man Whol Sold The World, a abrir os 70s, ao qual se seguiu Hunky Dory em 1971 - a antecâmara de Ziggy Stardust -, com "Life On Mars?" a apontar de novo para o espaço e para a estratosfera pop e com "Changes" a premeditar toda a carreira de David Bowie. E em 1972, apenas seis meses após Hunky Dory, saiu o meteoro: The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars. Nasceu aqui a primeira grande personagem do músico britânico, Ziggy Stardust, que com os Spiders From Mars (Mick Ronson, Trevor Bolder e Mick Woodmansey), conquistou quase todo o mundo com a intenção de contar uma história, um conceito, para um público vindo da ressaca de 1967 e do movimento hippie. Em 1972, Bowie era um homem atarefado, desdobrava-se pela sua própria música, ajudava os Mott The Hoople e ainda Lou Reed, conseguindo um feito inédito ao colocar seis discos seus no top britânico no ano seguinte. 1973 foi, assim, o culminar de muito trabalho, muitos concertos e muita imprensa, para um músico e respectivas personagens que se estenderam, numa primeira fase, até 1974 [com a edição de mais três discos: Aladdin Sane (1973), Pin Ups (1973) e Diamond Dogs (1974)]. Logo depois, os encantos da América chamaram o músico britânico e surgiram novas revoluções dentro da própria revolução que foi David Bowie. Consegui-o.
CM
David Bowie And The Spiders From Mars

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Depois de se ter tornado numa máquina de fazer singles durante os anos 80, Bowie teve alguma dificuldade em adaptar-se às mudanças trazidas no final da década, que viriam desaguar na febre grunge em 1992. Os Tin Machine e o sonho do regresso às raízes hard rock durou pouco e em 1993 o Camaleão volta a trabalhar com Nile Rodgers em Black Tie White Noise. A tentativa de voltar às pistas de dança, como em Let's Dance (1984) não resultou - afinal, os tempos eram outros. É com o regresso de Brian Eno à cadeira de produtor, em 1995, que Bowie volta a ser musicalmente relevante, fazendo música desafiante e mantendo-se à margem do mainstream. 1.Outside absorvia influências industriais, juntava-lhes a velha paixão pelo jazz e trazia consigo uma narrativa fictícia deliciosamente insana. O cenário pós-apocalíptico nas vésperas do novo milénio é, aliás, tão criativo, que só ao longo da emissão o conseguiremos explicar convenientemente. O desempenho comercial desta ambiciosa obra não foi brilhante, dentro dos parâmetros de Bowie, mas singles como "Hallo Spaceboy" ajudaram-no a reentrar no mercado norte-americano. Mais importante que isso, 1.Outside mostrou, para quem tivesse dúvidas, que ainda havia Bowie para além da máquina de fazer singles dos anos 80.
AB

David Bowie

sábado, fevereiro 20, 2016

Antevisão/Destaques: Programa 269

2016 em andamento, e o Ruído Alternativo toma o pulso à nova música que por aí ainda. Podemos afirmar com toda a certeza, temos metade da emissão com nova música nacional e outra metade com as novidades lá de fora - tudo misturado em duas horas de programa para ouvir amanhã. A juntar a isto tudo, pomos em dia as notícias que marcam o universo rock, com especial destaque para todos os concertos que por cá foram marcados - com alguns destaques a bandas com novos lançamentos na calha.

Podem assim contar na primeira parte com os seguintes projectos, entre muitos outros:

Iggy Pop | Peixe : Avião
Capitão Capitão | PJ Harvey

Já na segunda parte, estão escaldas estas bandas e muitas mais:

Correia | Deftones
Earthless | F.P.M.

Tudo para conferir amanhã à noite, como sempre nos 102.9 FM da Tejo FM para o Ribatejo, ou para todo o mundo via emissão online em tejoradiojornal.pt.

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

A Análise: Car Seat Headrest - "Teens Of Style"

Com doze trabalhos independentes, os Car Seat Headrest subiram uns degraus na grande montra do rock alternativo assinando com a Matador. Em 2015, Teens Of Style chegou a muita gente que se deixou ir no som já maturo e consistente do quarteto norte-americano. Tudo é confirmado nesta "estreia", que não é mais do que uma reunião de material desde 2011, só que refinado. Referências indie dos idos 90 e humor não faltam, restando apenas o usufruto deste noise calmo em ambiente claustrofóbico de pop livre. CM

terça-feira, fevereiro 16, 2016

A Análise: Royal Headache - "High"

Uma das surpresas do ano? Os Royal Headache [Austrália] que tiveram alguns holofotes sobre si. High é um acto de 'keep it simple', com um punk escorreito e de boa memória pop - olá Ramones. Se compararmos este disco com a estreia de 2012, o som do grupo sai aprimorado: temos a distorção e o frenesim, clássicos de uns novatos, mas é nos momentos mais alegres que vemos a evolução. Temas como "Carolina", "Need You", "High" e "Love Her If I Tried" saem vencedores. E ambições? Diversão, raparigas e punk. CM

A Análise: Low - "Ones And Sixes"

Calmos e dispersos [dream pop; slowcore]..., longe vão os tempos de música despida pelos Low. O casal Alan e Mimi sempre procurou novos destinos (com mais ou menos aplausos), e apresentam Ones And Sixes com uma produção cuidada. Há drum machines combinadas com a música acústica, e as glitchs [falhas] como parte identitária. Há esperança, fuzz, graves e aquele punhado de texturas sonoras preso por amarras que, quando libertado, encanta. Ao 11.º, criam um dos seus melhores discos em anos. CM

A Análise: Alabama Shakes - "Sound & Color"

Na estreia, em 2012, transformaram-se numa das novas forças rock made in USA; em 2015, não perdem o jeito. Os Alabama Shakes continuam a percorrer as terras musicais norte-americanas: o blues, a soul, a folk, o country... no fundo, as origens do rock. Deixam - em parte - a crueza e o som mais directo de Boys & Girls, e em Sound & Color apresentam diferentes padrões, texturas e camadas. Brittany Howard continua a ser a figura de peso, com uma voz que enche todas as medidas. Não estava o rock está morto? CM

A Análise: Deerhunter - "Fading Frontier"

Nos últimos anos temo-nos rendido aos Deerhunter - uma banda indie que nunca desiludiu. Tomámos o pulso a partir de 2010, com o brilhante e revelador Halcyon Digest, mas desde 2005 que já se contam sete notáveis trabalhos que merecem uma séria audição. Em Fading Frontier temos de levar em conta o acidente que Bradford Cox sofreu, que coloca-se assim numa maior introspecção e reflexão sobre a vida. A porção de negro assenta bem nesta pop que viaja por entre sonhos, com cenários pintados com a alma de Sgt. Pepper... e não só. CM

A Análise: The Amazing - "Picture You"

Entre os discretos discos que em 2015 surpreenderam, encontra-se o quarto dos suecos The Amazing. Picture You tem dez longos temas, distribuídos ao longo de mais de uma hora de duração, num álbum trabalhado, que transparece mais a emoção do que o suor. Os diversos ingredientes empregados resultam particularmente bem: o corpo é a folk, a mente é prog, a alma é jazz e respira-se psicadelismo. O resultado é notável, comprovado por temas como "Picture You" ou "Captured Light". CM

A Análise: Caspian - "Dust And Disquiet"

São uma das bandeiras do post-rock e ao quarto disco mostram porquê: os Caspian sintonizam-se com o post-rock actual, onde a duração nem sempre conta. Não deixam de apresentar em metade do álbum canções com mais de cinco minutos (com a beleza e o peso certos), mas o ganho está na forma como apresentam as obras mais pequenas, com paisagens diferentes no horizonte. O que tornou célebre o género que elege como matéria prima a instrumentação, continua, mas o virtuosismo é contido sabiamente. E sabe bem. CM

A Análise: Eagles Of Death Metal - "Zipper Down"

Foram a banda centro das atenções de 2015 pelos piores motivos, mas no ano que passou houve também novo disco para os Eagles Of Death Metal. Zipper Down é o seu quarto disco de originais, após uma pausa de sete anos, trazendo de volta Jesse "Boot Electric" Hughes e Josh "Baby Duck" Homme àquele rock que já nos habituaram: um rock galhofeiro e gingão que continua a fazer-nos dançar, até mesmo quando se atiram para uma balada dos Duran Duran. A dupla-motor dos EODM está para as curvas. CM

A Análise: Baroness - "Purple"

Depois de um acidente que deixou marcas e ditou a saída de metade dos Baroness, a banda encontrou forças para lançar mais um disco enorme. O percurso iniciado em 2007 prima pela qualidade, apesar das ligeiras mudanças no som. Se na estreia eram postos ao lado dos Mastodon na abrasiva cena sludge avant-garde, hoje há uma preocupação enorme com as melodias, fazendo dos Baroness uma máquina de produzir hinos emocionais para gritar a plenos pulmões. Purple é assim mais um ponto alto numa carreira sem momentos de pouca inspiração. AB

A Análise: Courtney Barnett - "Sometimes I Sit And Think, And Sometimes I Just Sit."

Cedo a australiana Courtney Barnett mostrou-se um diamante pronto a ser ouvido com as músicas que anteciparam Sometimes I Sit And Think, And Sometimes I Just Sit.. Aos 27 anos avançou com a sua primeira proposta séria, um álbum que confirmou todos os presságios, com uma série de prémios e inclusão nos melhores de 2015. Barnett validou-se, acima de tudo, como uma das melhores escritoras de canções da actualidade, o argumento ao qual junta o seu precioso indie rock cruzado. AB

A Análise: Black Temple - "It All Ends"

Com "míseros" 2500 fãs no Facebook, colocar os Black Temple e o seu disco de estreia como número 3 da lista é um passo arriscado. Apesar da sua música ainda não ter chegado às massas, It All Ends mostra grande potencial, com a crítica a mostrar-se atenta aos suecos. Apostam em fazer rock pesado e barulhento (bebido no hardcore), mas a sua surpreendente preocupação com as melodias coloca-os entre o melhor de dois mundos - o que os torna apetecíveis para as editoras. Afinal, como os próprios dizem, It All Ends é apenas o principio... AB

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Podcast: Programa 268 (14 de Fevereiro de 2016)

1ª parte:



2ª parte:

A Análise: Chelsea Wolfe - "Abyss"

Ao quinto disco Chelsea Wolfe é, de pleno direito, uma das mais preciosas coqueluches da industria indie. Foi começando a ser conhecida pela brilhante mistura de folk e negridão gótica, mas em Abyss a folk vai ficando de fora para dar lugar ao noise. A entrada de elementos electrónicos no disco só vem intensificar o ambiente pesado e negro do mesmo. Depois do colossal Pain Is Beauty (2013), Chelsea Wolfe volta a provar que está na vanguarda das novas experimentações no campo do rock, sendo uma lufada de ar fresco vestida de preto carregado. AB

A Análise: Tame Impala - "Currents"

E quando se esperava mais um disco de rock psicadélico, que em muito deve uma segunda vida aos Tame Impala, eis que o cérebro por detrás dos australianos baralha e volta a dar. Na procura de novos sons e com o desejo de explorar as electrónicas poeirentas dos anos 70, Currents põe todos boquiabertos e põe a banda de novo no meio dos aplausos. Ao que já havia sido feito é juntado a disco, o r'n'b e a música de dança. Sonoridades de alta fidelidade, sem parecerem bafientas. Kevin Parker, senhores e senhoras. CM

A Análise: Father John Misty - "I Love You, Honeybear"

Três anos após ao mui' aclamado Fear Fun, Josh Tillman atirou-se para o seu sucessor. I Love You, Honeybear é o segundo capítulo do alter ego Father John Misty com resultados espantosamente notáveis! I Love You, Honeybear coloca Tillman definitivamente no mapa, num trabalho conceptual onde confronta a sua relação com a sua mulher, Emma. Um disco pessoal, apaixonante, de toada folk rock e sem medo de explorar a electrónica, o psicadelismo, as cordas e o piano. Para quando o próximo? CM

A Análise: Viet Cong - "Viet Cong"

A muito esperada estreia dos canadianos Viet Cong trazia consigo enormes expectativas - desde 2013 apontados como uma das melhores bandas a ter debaixo de olho. Logo em Janeiro de 2015 fizeram-se ouvir em homónimo, com o seu primeiro LP a corresponder às profetizações. As ideias drone e industriais são mais exploradas, com o post-punk como ponto de equilíbrio ao som do grupo. Pelo caminho, vão saltando do noise para um lugares mais arty, balanceando a sua viagem sonora por diversas paisagens. CM

A Análise: Kylesa - "Exhausting Fire"

Donos de uma discografia quase intocável, já é um acontecimento grande o anúncio de um novo álbum dos Kylesa. Em Exhausting Fire, o sétimo da carreira, continuam na senda de colocar lado a lado o som pesado e as melodias delicadas, as quais podemos agradecer à veia psicadélica do grupo. Ter dois vocalistas tão distintos como Laura Pleasants e Philip Cope é só mais um factor que contribui para esta deliciosa dualidade sonora. No final das contas, este é mais um disco fortíssimo, continuando a senda iniciada em 2009 com Static Tensions. AB

A Análise: Kurt Vile - "B'lieve I'm Goin Down..."

Há alguns anos que Kurt Vile é já um valor seguro da nova música. De 2008 a 2015, e desde que apostou tudo a solo, deixando para trás os The War On Drugs, contam-se uns admiráveis seis discos de originais, primando pela altíssima qualidade e fidelidade. A aposta acorre-se sempre ao blues rock aos quais ora se puxa mais pela veia folk, ora se puxa mais pela veia exploratória, psicadélica e eléctrica. Em B'lieve I'm Goin Down... a música da terra e da América ganha mais força e o resultado é avassalador. CM

A Análise: Ghost - "Meliora"

Meloria - latim para "em busca de algo melhor" - é um título que assenta que nem uma luva no terceiro disco dos Ghost. Papa Emeritus III e os seus Nameless Ghouls são vendidos a um público metaleiro, sem serem uma banda de metal tradicional. Aqui reside o grande encanto dos suecos: quem são estes sinistros mascarados e que música tocam? Mais uma vez procuram, em disco, abranger áreas do prog e do doom, sem que nunca seja possível apontar-lhes um estilo característico que não seja o ocultismo. E continuam, e bem, a cavalgar no hype. AB

sábado, fevereiro 13, 2016

Antevisão/Destaques: Programa 268

Tal como anteriormente anunciado, a próxima emissão do Ruído Alternativo vai ter como tema central os Ambar em Discurso Alternativo. Para além da conversa com a banda do Cartaxo, vamos poder ouvir alguns temas do disco No Entanto, Ela Move-se e ainda mais rock nacional que nos tem chegado às mãos nos últimos tempos. Assim, para além dos Ambar, contem ainda com os seguintes destaques:

1ª parte:
  • Minta & The Brook Trout;
  • Galgo;
  • Anarchicks; 
 Minta & Thre Brook Trout | Galgo | Anarchicks

2ª parte:
  • Bed Legs;
  • Phil Mendrix;
  • Albatroz;
Bed Legs | Phil Mendrix | Albatroz

Tudo para conferir amanhã à noite, como sempre nos 102.9 FM da Tejo FM para o Ribatejo, ou para todo o mundo via emissão online em tejoradiojornal.pt.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Discurso Alternativo: Ambar

O Ruído Alternativo esteve à conversa em casa do João Machado após o concerto que os Ambar deram no passado dia 30 de Janeiro, no Centro Centro Cultural do Cartaxo, naquele que foi o segundo espectáculo de apresentação do seu álbum de estreia intitulado No Entanto, Ela Move-se, lançado no início deste ano.

Ambar, formados por: João Machado, Luís Pereira, Tomás Borralho e Diogo Cruz (esq.-dta.)

Os Ambar são uma banda formada em 2013 que se divide entre o Cartaxo e Lisboa. Após mexidas na sua formação, são actualmente compostos por: João Machado (voz e baixo), Luís Pereira (guitarra), Diogo Cruz (teclados) e Tomás Borralho (bateria). O quarteto começou por se apresentar ao vivo, precipitando-se logo para a gravação do seu primeiro longa-duração. Em 2015, apresentaram os dois primeiros temas originais, "Venham-me Buscar" e "Xerife", que agora podem também ser escutados no disco No Entanto, Ela Move-se, lançado no dia 18 de Janeiro. O álbum, para além de já estar à venda nas lojas, está ainda para audição e download em modo 'name your price' no Bandcamp oficial da banda aqui.

A entrevista aos Ambar estará para audição ao longo do próximo programa do Ruído Alternativo, onde passaremos também alguns dos temas que compõem No Entanto, Ela Move-se. Dia 14 de Fevereiro a partir das 22h como sempre nos 102.9 FM para o Ribatejo ou na emissão online para todo o mundo em tejoradiojornal.pt.

No início da próxima semana, colocaremos o podcast do programa para audição aqui no blog, assim como toda a entrevista, sem cortes nem intervalos, em Discurso Alternativo.

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Podcast: Programa 267 (7 de Fevereiro de 2016)

1ª parte:



[Nota dos autores do Ruído Alternativo:
  • Por motivos que nos são alheios, o Mixcloud não nos permitiu o upload da primeira parte deste programa. Para solucionar este problema, criámos uma conta no Soundcloud que servirá somente para casos excepcionais como este - e para que todos possam acompanhar os nossos podcasts sem quaisquer impedimentos. A playslist desta primeira parte encontra-se na descrição do podcast, basta clicar no título deste player do Soundcloud. Lá terão também acesso ao link directo para a segunda parte desta emissão especial que está alojada, como sempre, no Mixcloud - e vice-versa.
As nossas desculpas por este facto e pela demora na publicação deste podcast.]

2ª parte:


terça-feira, fevereiro 09, 2016

A Análise: Boogarins - "Manual Ou Guia Livre De Dissolução Dos Sonhos"

País com tradição psicadélica, do Brasil não têm saído grandes propostas rock para lá do metal dos últimos largos anos. Os Boogarins, que em 2013 assaltaram o ocidente com o seu rock delicodoce de As Plantas Que Curam, são de lá e trazem consigo a bandeira brasileira do revivalismo psych, que outrora inundou a década de 60. Manual Ou Guia Livre De Dissolução Dos Sonhos não virou o "difícil segundo álbum", antes sim uma viagem por entre sonhos pop de guitarras soltas. É vê-los a crescer. CM

A Análise: Deafheaven - "New Bermuda"

Em 2010, saiu de São Francisco um dos mais recentes casos de culto. Em Sunbather (2013) existiram mexidas na formação dos Deafheaven, e, embora a desconfiança por parte da comunidade metaleira, tiveram aclamação universal. Tudo deve-se à mistura de black metal com o shoegaze [blackgaze], e ideias esparsas do post-rock/metal. À volta da banda aglomeram-se assim uma quantidade assinalável e heterogénea de fãs, onde o mais recente New Bermuda é uma enorme confirmação. CM

A Análise: Clutch - "Psychic Warfare"

Os Clutch têm uma história longa ligada ao rock durão, mas desde 2004 que têm despido o peso, caminhando em direcção aos blues. O ponto de viragem acontece em 2013, em Earth Rocker, quando sentem que os álbuns de rock puro e directo eram raros. Psychic Warfare continua a cruzada do antecessor e surpreende pela habilidade de escreverem canções orelhudas (que põe leigos a abanar a cabeça) no meio de tanta electricidade. Não será por eles, com certeza, que a existência do rock estará ameaçada. AB

A Análise: Elder - "Lore"

Bebendo das influências certas, os Elder conseguiram em 2015 chegar a um lugar de destaque no seio da indústria musical, não sem antes terem de deixar a pele em nove anos de concertos e outros tantos lançamentos. Lore aprimora o stoner expansivo do grupo, que os coloca com um pé no prog. Ao longo dos longos cinco temas do disco a banda vai demonstrando genialidade e criatividade, e estes vão provando que estão nivelados por cima, não existindo um ponto fraco a apontar. Lore torna-os num caso sério a partir deste seu terceiro LPAB

A Análise: Sleater-Kinney - "No Cities To Love"

Regressadas em 2014, as Sleater-Kinney logo criaram um saudosismo pelos alternativos anos 90 de travo punk, onde se afirmaram de bandeira riot grrrl em punho. Depois de uma pausa de oito anos, o trio avançou em 2015 com o oitavo da carreira onde não perde o nervo. No Cities To Love cedo se colocou na linha da frente dos melhores do ano, mantendo a toada alternativa de alma punk, e onde os toques post-punk brilham no formato de três minutos. 10 canções em meia-hora; curto e bom! CM

A Análise: Equations - "Hightower"

Com os sintetizadores a roubar o protagonismo às guitarras, o número um nacional de 2015 do Ruído Alternativo não é escolha óbvia. No entanto, o frenesim provocado por Hightower é plenamente justificado. As guitarras aparecem nos momentos certos e as músicas parecem ter sido geometricamente montadas. Sejamos sinceros, as teclas podem rockar: seja com Jerry Lee Lewis ao piano ou com John Lord no órgão dos Deep Purple. A bem da evolução do rock (e da música), há que experimentar. E os Equations já lá estão. AB

A Análise: 10 000 Russos - "10 000 Russos"

Depois de um auspicioso EP em 2014, os 10 000 Russos tiveram no Reverence Valada a montra ideal para um contracto com a londrina FuzzClubRecords. Assegurada a distribuição mundial, a editora, especialista em sons psicadélicos vindos do espaço, limou as arestas ao duo nacional e contribuiu para um longa-duração de estreia brilhante. Neste LP homónimo os portuenses Pedro Pestana e João Pimenta entregam as linguagens psicadélicas ao espírito kraut, tornando-se hipnóticos, envolventes e narcóticos. CM

A Análise: Fast Eddie Nelson - "Roots Run Deep"

Não sendo propriamente uma inovação, o caldeirão sonoro de Fast Eddie Nelson torna-se bastante incomum em Portugal. Linguagens como blues, folk e bluegrass (de inspiração americana) não são corriqueiras no nosso meio. Juntando-lhes, na dose certa, rock n' roll e psicadelismo e, claro, a voz rouca do músico, temos algo realmente fora do comum. Roots Run Deep é o disco em que esta combinação de Fast Eddie Nelson atinge a maturidade, resultando num disco que rocka. E bem! AB

A Análise: Pega Monstro - "Alfarroba"

Ao segundo disco as irmãs Júlia e Maria dão um salto significativo com a sua banda. Em 2012, as Pega Monstro eram um segredo bem guardado no underground nacional, com uma estreia lo-fi que conquistou uma pequena franja de adeptos do noise. Já no ano que passou, a aposta foi grande com a edição pelo selo londrino Upset The Rhythm que empurrou a dupla para voos mais altos. O som está mais coeso e com este Alfarroba colaram-se nos ouvidos de muita gente desprevenida, apanhada por este punk caseiro e certeiro, cheio de ruído e de ambição pop. CM

A Análise: Astrodome - "Astrodome"

Chamem-lhe stoner ou heavy-psych, o revivalismo do som psicadélico surpreende por aparecer sempre algo diferente, num estilo de música dito repetitivo. Ora mais libertino, ora mais matemático, o som das guitarras graves parece estar a desenvolver-se mais agora do que na sua era original. Os novatos Astrodome, apontam o imaginário ao espaço com instrumentais de libertinagem quase jazzistica. Ainda assim, na estreia homónima, parecem ter tudo calculado, com build-ups controlados que desaguam em pura fúria fuzz. AB

A Análise: Savanna - "Dreams To Be Awake"

Mão à palmatória: a gigante NOS tem na sua editora online NOS Discos um grande tesouro - continuam a sair aí algumas das melhores propostas dos últimos anos [não só de rock]. Foi lá que saiu a estreia dos lisboetas Savanna, que logo se apresentaram como um dos melhores do ano. Dreams To Be Awake é servido numa mistura de rock e electrónica, com riffs certeiros e tons prog, e de uma maturidade assinalável. A validade dos Savanna é atestada por temas como "Fancy Pants", "Dream To Be Awake", "Gods We Are" ou "Destruction Derby 2". CM

A Análise: The Glockenwise - "Heat"

Caso repetente nestas coisas de listas de melhores do ano, os Glockenwise são de Barcelos (essa terra cheia de bandas por km2), e com Heat conseguem, muito provavelmente, o seu disco mais luminoso. Sendo ao mesmo tempo mais pessoal e mais negro do que os seus antecessores, a luminosidade surge da química da ainda jovem banda que aqui faz o seu melhor capítulo, com canções que nos remetem à pop cruzada de Smiths com a vivacidade de um recentemente afamado Ty Segall. CM

A Análise: Wells Valley - "Matter As Regent"

Lá fora, há uma imensidão de bandas de metal que procuram novos caminhos para o som mais pesado. Um "movimento" sem nome (deixemos o djent e o post metal de fora) que incorpora influências que vão do extremo black metal ao psicadelismo mais clássico. Por cá, os Wells Valley são uma proposta a seguir de perto neste campo, com um uma estreia que demonstra a maturidade de quem cresceu em quatro anos de palco. Matter As Regent está na vanguarda do metal mais experimental e deixa antever um sucessor com um som ainda mais arrebatador. AB

sábado, fevereiro 06, 2016

Antevisão/Destaques: Programa 267

Como anunciado, depois de colocada a casa 'em ordem', fazemos amanhã à noite a nossa homenagem a David Bowie. Emissão Especial David Bowie (1947-2016) para conferir no próximo Ruído Alternativo.


Música, Moda, Teatro, Cinema, Literatura. Bowie influenciou todas estas áreas artísticas ao longo da sua carreira de mais de 50 anos, sendo uma figura activa nestas artes como nenhuma outra foi na pop mundial. Ao longo de todos estes anos, David Bowie (Davie Jones, de seu verdadeiro nome), tomou ainda diversos alter-egos: Major Tom Ziggy Stardust, Aladdin Sane, Halloween Jack, Thin White Duke, Beep Beep Pierrot, Screamin' Lord Byron e Lazarus, numa multiplicação de identidades que reflectiu também o crescimento do seu som e mostrou quão grande foi a sua ambição. 

David Bowie foi um agitador, inovador e um músico insatisfeito, olhando sempre para o futuro. Abalou o conservadorismo britânico com a sua androginia, assumindo-se bissexual. Teve na cocaína um dos seus demónios e procurou sempre novas pessoas com ideias diferentes que o motivassem. Colocou-se sempre à frente de outros, mesmo quando seguia as novas tendências musicais. Teve nos Velvet Underground uma grande inspiração; ajudou Lou Reed e Iggy Pop; esteve ao lado de Freddy Mercury (e dos Queen), de Mick Jagger, de Brian Eno, nos Tin Machine, com Trent Reznor (Nine Inch Nails), com os Arcade Fire, e chegou, no último ano de vida, a admirar Kendrick Lamar - entre muitas outras figuras, pessoas e bandas dos mais  diversos quadrantes... Bowie sempre soube como se reinventar.

Pop, folk, psicadelismo, heavy metal, blues, hard rock, glam, art rock, punk, soul, funk, experimentalismo, electrónica, world music, new wave, post-punk, disco, dance music, house, jazz, industrial, drum and bass, ou simplesmente, rock. David Bowie não deixou quase nada por fazer (embora seja certo que teria querido fazer ainda muito mais), nem mesmo no leito da sua morte, transformando-o numa obra de arte, como poucos fizeram. O legado é enorme e é difícil encontrar alguém que possa sequer alcançar o estatuto ou os feitos do "camaleão" da música.

Na emissão de amanhã faremos apenas faremos um tributo rock a Bowie. Todavia, ele foi bem mais do que isso. Do que todos, do que si próprio. Foi único.

Tudo para conferir nas duas horas de Domingo à noite, das 22h à meia-noite, como sempre nos 102.9FM da Tejo FMpara o Ribatejo, ou para todo o mundo via emissão online em tejoradiojornal.pt.

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

A Análise: Dollar Llama - "Grand Union"

São um caso curioso que demonstra bem o que significa querer vencer na música, num mercado tão pequeno como o nosso. Antes de terem lançado qualquer LP, as suas músicas já passavam em anúncios. E logo após a estreia, Under The Hurricane (2010), separam-se, para regressar em 2014. Grand Union vem solidificar o regresso ao activo e mostrar que o grupo não perdeu a sua essência. Rock duro e suado para abanar o esqueleto e ouvir bem alto. O groove e os Dollar Llamma continuam de mãos dadas. AB

A Análise: The Walks - "Fool's Gold"

Não fugindo à regra de que Coimbra continua a ser uma das cidades onde nascem boas bandas de rock 'n' roll, os The Walks estrearam-se no ano passado com o seu primeiro disco. Em Fool's Gold reúnem diversas linguagens que já estamos acostumados a ouvir da cidade do estudantes e que também brilharam nos anos 60, ou seja o r'n'b, a soul, e, está claro, o rock de garagem. Não é inovador, mas temos aqui um dos mais belos conjuntos de canções de 2015. CM

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Emissão Especial: David Bowie (1947-2016)

No próximo programa fazemos a prometida homenagem a uma das mais importantes figuras da história da música moderna. Ao longo de duas horas de emissão fazemos um resumo da carreira de David Bowie mais associada às guitarras e ao rock. Emissão Especial David Bowie (1947-2016), a não perder no próximo Ruído Alternativo.


Porque o Ruído Alternativo deve a sua existência às figuras maiores do rock mundial, a 7 de Fevereiro pegamos em todo o universo ligado à electricidade de David Bowie e exploramos a sua carreira com uma grande homenagem à sua genialidade.

Um dos músicos mais criativos e inventivos de todos os tempos e de todas as esferas musicais (não só do rock 'n' roll), tem passagem obrigatória pelo Ruído. Mais de 50 anos de carreira em duas horas: das suas primeiras experiências rock, ao "testamento" Blackstar deste ano, passando pelo inevitável The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars de 1972.

Este é o nosso tributo rock a David Bowie, que foi muito mais do que um inovador nas suas abordagens a este género musical muito caro ao Ruído Alternativo.


Tudo para conferir no próximo Domingo, a partir das 22 horas, nos 102.9 FM da Tejo FM para o Ribatejo, via emissão online em tejoradiojornal.pt.

A Análise: Moonspell - "Extinct"

Alpha Noir/Omega White (2012) foi ambicioso, apresentando duas facetas dos Moonspell num álbum duplo. Em 2015 simplificam processos com Extinct, trabalho que tem mais uma vez um ponto de partida bem definido, mas que se torna de audição mais fácil que o seu antecessor. Outro motivo que leva a música dos Moonspell  a um novo público é a sua nova habilidade em escrever canções mais catchy. "The Last Of Us" e "Extinct", para além de bons números de rock gótico, tinham tudo para serem grandes singlesAB

A Análise: The Japanese Girl - "Sonic-Shaped Life"

Logo na sua estreia em disco, os portuenses The Japanese Girl atiraram-se para um longa-duração, tela onde podemos apreciar melhor as aventuras da banda pelo punk vestido de negro. Pura honestidade sem truques é o que podemos esperar do espírito lo-fi de Sonic-Shaped Life - a melhor forma de servir o ideal do psicadelismo. E podem desde já ficar a contar com fuzz, muito fuzz, por parte do trio nortenho do qual ficámos com curiosidade de ouvir mais. AB

terça-feira, fevereiro 02, 2016

A Análise: TV Rural - "Sujo"

Numa era de vídeos, streams e downloads, oferecer um disco pelo preço que quisermos já não é novidade. Mas, na tentativa honesta de chegar a mais pessoas, os TV Rural colocaram Sujo nessas condições. Os lisboetas, que fazem da banda uma reunião de pessoas interessantes de diferentes quadrantes, continuam a ser hábeis senhores na arte de lidar com palavras, tendo crescido a pulso a cada novo disco. Sujo parece-nos uma banda sonora de um faroeste à portuguesa, descomprometido e audaz. CM

A Análise: The Temple - "Serpentiger"

Onze (!) anos depois de Diesel Dog Sound - que trouxe os Temple à mass-media, a banda está finalmente de regresso aos lançamentos. Entre Serpentiger e o seu antecessor, a vida não tem sido fácil, com diversas e constantes mudanças na formação. Apesar disso, conseguem entregar aos seguidores um disco longo que vai percorrendo as diversas fases do mais misterioso grupo nacional. A garra continua lá e Serpentiger prova que os The Temple ainda fazem sentido em 2015, nas palavras e no som. AB